A recomendação da OMS é que não se dê açúcar para crianças até 02 anos. Isso se dá pelo fato de viciar o paladar imaturo da criança com sabores adocicados prejudicando a formação dos hábitos alimentares e aceitação de alimentos amargos, azedos e cítricos. Além disso, a programação metabólica que ocorre nos primeiros 1000 dias de vida da criança, compreendendo desde sua concepção até os 2 anos, está diretamente ligada com o tipo de alimento ofertado nesta fase (por isso a importância do que a grávida come também durante sua gestação), ou seja, alimentos como o açúcar prejudicam e têm impacto negativo no desenvolvimento neurológico, cognitivo, imunológico e também no processo de saúde, estando ligado à programação celular para desenvolvimento de diversas doenças.
Contudo, a partir disso alguns mitos e lendas rondam as famílias e crianças que não são submetidas ao açúcar e como profissional nutricionista e mãe vim desmistificar alguns.
- A criança ficará aguada! Pais e familiares fiquem tranquilos, seu filho não ficará aguado e passará vontades por não comer um doce ou algo adoçado. Lembrem-se ele NUNCA provou isto, não ficará aguado por algo que nunca comeu. A criança nesta fase está na fase de descobertas e na fase oral, tudo que ela ver você ou qualquer outra pessoas colocando na boca e comendo ela também irá querer, por CURIOSIDADE. Por isso, o exemplo também é importante, além de evitar estresse desnecessário.
- Ela ficou doente porque você não deu aquele pedaço de bolo (ou qualquer outra coisa)! Uma criança menor de 2 anos não ficará doente por uma ordem negativa que os pais derem. E na verdade se espera que crianças maiores também não fiquem, afinal, desde sempre elas precisam aprender a esperar e também a receber o não, seja por alguma comida que ainda não está na fase de comer, ou seja por outro motivo. Doente ela ficará se for exposta a esses alimentos, se não agora, no futuro.
- Mas ela precisa comer agora porque se não quando crescer vai ser enjoada! Concordo plenamente! Ela precisa comer agora legumes, verduras, frutas, arroz, feijão, carne, ovo, peixe e tudo que for COMIDA DE VERDADE, para lá na frente não ser uma criança altamente seletiva. Fiquem tranquilos que já nascemos com predileção ao doce, esse tipo de alimento é fácil de introduzir, ao contrário do restante. Além disso, se seu filho depois de alguns anos for enjoado para refrigerante, salgadinho, sorvete e bala, sinceramente? Fique feliz, não faz falta alguma.
- Ah mas você é muito radical, danoninho é comida de criança! Cuidado com "comida de criança", nem tudo que a mídia lança para nós consumidores e nos induz a comprar é realmente bom. Danoninho, bolacha maisena, mucilon, farinha láctea, cremogema, toddynho, achocolatado pronto, fandangos integral, e etc, NÃO são comidas de criança (e na verdade nem de adulto). São alimentos ricos em açúcar, sódio, conservante, corante, aditivos químicos, resumindo: tranqueiras! Uma hora seu filho será exposto a estes alimentos, infelizmente. Então calma! Tudo tem seu tempo.
- Ah mas não adianta nada porque cresce e não vai quer comer mais nada disso ou vai comer tudo isso que você não deixou! Vamos lá... Em primeiro lugar, algo bacana de se deixar claro, é que não oferecer alguns alimentos para as crianças pequenas não quer dizer que nós queiramos transformá-los em "alienados alimentícios" ou que vivamos numa utopia na qual eles nunca provarão nada disso. Eu não quero isso e como profissional não recomendo esse pensamento! Afinal eu como doces e tenho vida social como qualquer outra pessoa. Contudo, nós que fazemos dessa forma, estamos dando aos nossos filhos oportunidade de escolha, oportunidade que poucos de nós tivemos, e que depois acabamos sofrendo, na adolescência ou fase adulta, para mudarmos os nossos hábitos. Estamos batalhando para formar um hábito alimentar saudável, onde no futuro ele possa comer o que quiser, mas com a consciência do que os alimentos fazem com o seu corpo, e que uns devem ser comidos em maiores quantidades outros mais eventualmente, e que isso aconteça de forma natural e prazerosa, que não precisemos obrigar, brigar, barganhar com nossos filhos para eles comam um mero alface. Mas para isso o EXEMPLO é importante, eles vão se basear nas pessoas próximas para tudo, inclusive alimentação. Além disso, precisamos ter em mente que somos RESPONSÁVEIS pela saúde e desenvolvimento de nossos pequenos, nós é que determinamos o que entra em nossa casa, nós precisamos pensar na saúde deles.
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