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Meu filho está doente, e agora?

Esses último dias foram complicados, com a Aninha doente foram muitas noites mal dormidas, muitas indas e vindas ao hospital e muita paciência para lidar com as birras, manhas, falta de apetite e palpites alheios.

Normalmente quando as crianças passam por uma fase complicada assim, que a limitam para se alimentar, os pais, com receio que a criança não coma nada ou por cansaço, acabam abrindo a guarda e ofertando qualquer alimento para encher a barriga dos seus filhos, o que é muito compreensível. Contudo, quando esta fase complicadinha passa, as consequências aparecem, seja consequência de uma criança mais mimada e respondona, pois neste período broncas e disciplina não eram permitidos ou tão necessários, afinal "tadinho, está dodói", ou seja a consequência de um paladar monótono e viciado em determinados alimentos não muito nutritivos. 

A Ana foi diagnosticada a primeira vez com laringite, mas até descobrir o que ela realmente tinha demorou 2 semanas, no fim se deu por uma síndrome, causada por um vírus, conhecida como doença da boca, mão e pé. Sim, eu achei que o pediatra estava tirando um sarro comigo com este diagnóstico, mas ele existe, e um dos sintomas é a perda de apetite, febre alta e aftas pela boca e garganta. Bom, já viram né? Ela não estava conseguindo comer quase nada. E aí o que fazer?
Claro que investir em uma alimentação equilibrada e saudável, na medida do possível! E sabem o por quê?

Primeiro, porque é nesta hora que seu filho precisa de muitas vitaminas, sais minerais, proteína e energia do bem! Comida de verdade! Precisamos fortalecer essa imunidade e minimizar os sintomas de dor, aftas, dorzinhas de barriga, entre outros.
Segundo, não podemos esquecer quão crucial é esta fase de formação de hábitos alimentares e rotina. Depois, para resgatar isto é muito mais difícil. Para um adulto voltar a sua rotina é simples (na maioria das vezes), mas para uma criança ainda em formação não. Então "bora" não desistir!

Então como fazer? Bom, eu vou dizer o que EU fiz, ok?

Como a Ana tem um repertório alimentar bacana, gostando de uma variedade boa de alimentos, isso já nos traz uma vantagem, pois por mais que ela esteja comendo pouco, ou escolhendo o que comer, ainda temos bastante opções.
Então comprei uma variedade de legumes, verduras e frutas. Fiz vitaminas, sopas, preparações que eu sei que ela gosta, mas mesmo assim, no inicio, ela não queria nada, só ovo e batata. Bom, ok! Comeu só ovo e batata, mas o prato continuou colorido, nem por isso coloquei no prato só o que ela queria, ou o que eu sabia que ele comeria. Continuei insistindo, respeitando sua tolerância e seus momentos, isso também é importante, pois se não pode virar algo traumático. 
Montei estratégias, como eu sabia que o ovo e a batata seriam bem aceitos, os ofereci por último, assim consegui fazer ela comer um pouco dos outros alimentos e completei com estes que ela estava aceitando melhor, e deu certo! Fiz brincadeiras, teatros, músicas e continuei ofertando, ofertando COMIDA DE VERDADE. Quando suas opções são estas você acabará escolhendo a que te apetece mais dentro dessas opções, e foi o que aconteceu. Dentre todas as frutas que comprei ela escolheu as dela, um dia foi banana e maçã, no outro uva e caqui, no outro laranja e kiwi, e teve dias que foi só banana mesmo. Fiz bolinhos, comprei o pão que ela gosta, "quer com requeijão ou manteiga?" "Tem água de coco e suco, qual você quer?" 
Fiz sopa, bati legumes e acrescentei pedaços dos que ela mais gosta, e ela foi comendo. Usei caldos naturais de carne e frango, muitos temperinhos do bem, com propriedades antimicrobianas.
Alimentos mais macios são mais fáceis de mastigar e engolir quando se tem feridas. É importante também não se dar nada muito gelado ou muito quente, pois também machuca.
E aos poucos minha menina foi melhorando, comendo melhor e voltando a sua rotina.

Resolvi escrever sobre este episódio, pois muitos pais passam por isso (na verdade todos) e nestas horas o desespero vem e a pergunta "e agora, o que fazer?" aparece. Talvez se eu desse dicas como profissional vocês não levassem tão a sério, ou poderiam desacreditar dos meus conselhos "na teoria é fácil, mas na prática...", mas quem vos fala é uma mãe, que passou por isso e sentiu na pela a aflição.

Então de mãe para pais e/ou familiares: Seus filhos precisam de disciplina e regras, precisam entender que a alimentação saudável não é algo ruim, os quais eles são obrigados a comer e a seguir no dia a dia, mas quando estão doentes ou desanimados existem alimentos maravilhosos que surgem para acalentar, dando a impressão que os alimentos saudáveis não tem esse poder.
Não podemos inverter os valores, não podemos passar para eles que os alimentos saudáveis são remédios e devem ser consumidos somente para sua melhora, como o pior dos xaropes, mas também não podemos deixá-los aparentar que são como uma regra chata que pode ser quebrada quando eu preciso ou quando eu quero algo mais gostoso que conforte nos momentos difíceis.

As comidas de verdade são para todos os momentos, são prevenção e são cura, devem ser ofertadas porque fazem bem, mas porque também são gostosas, servem para nutrir, mas também para acalentar e dar aconchego. Precisamos aprender a transformar o alimento em comida, o qual nutri o corpo e acalenta a alma. ❤


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