Há tempos vejo em minhas redes sociais pessoas comentando sobre o consumo de leite e quão mistificado está esta prática alimentar milenar.
Então vamos lá: Afinal, o leite faz bem ou faz mal?
O leite é o principal alimento fonte de cálcio para nossa nutrição. Estudos no Brasil e em outros países foram realizados e obtiveram como resultado que a baixa ingestão de leite está diretamente relacionados a inadequação do consumo de cálcio, o que também está diretamente ligado a problemas na formação óssea, podendo levar ao raquitismo, osteoporose e osteopenia. Lembrando que é na fase da infância e adolescência que o tecido ósseo é desenvolvido e que a massa óssea é formada. A densidade mineral óssea na fase adulta depende deste pico de massa óssea anteriormente.
Composição do leite:
O leite de vaca, em média, possui 87% de água e 13% de outros componentes sólidos, divididos em carboidratos, proteínas, gordura, vitamina e minerais. De acordo com o Nutrient Rich Food e o USDA, o leite deve ser considerado de alto valor nutritivo.
A lactose é o principal carboidrato do leite e este açúcar natural do leite aumenta a absorção intestinal do cálcio, magnésio e fósforo presentes, além de aumentarem a utilização de vitamina D pelo organismo.
Os lipídios (gordura) são importantes, pois além de também aumentarem a absorção de cálcio, são responsáveis por transportarem as vitaminas lipossolúveis pelo organismo até a absorção.
O leite é considerado uma importante fonte proteica, tendo em sua composição proteínas de alto valor biológico, ou seja, que contém todos os aminoácidos essenciais (aqueles não produzidas pelo organismo humano) em quantidade adequada para nossas necessidades.
É verdade que vegetais verdes escuros e frutas secas também são boas fontes de cálcio, contudo, existem outros fatores que interferem nesta absorção. A composição do leite naturalmente já aumenta a absorção deste mineral (a presença de lactose e gordura, por exemplo), já alguns alimentos contém junto do cálcio outras substâncias que prejudicam esta absorção, por exemplo: a batata doce, feijão e espinafre, apesar de terem boas quantidades deste mineral contém em sua composição o ácido oxálico. O ácido fítico encontrado em alimentos com alto teor de fibras também prejudica na absorção de cálcio. Desta forma, para se conseguir a mesma quantidade de cálcio do leite com a mesma porcentagem de absorção teríamos que comer quantidades elevadíssimas destes outros alimentos, o que não seria viável, ainda mais para as crianças que dependendo da faixa etária não conseguem comer grandes quantidades de um único alimento sem prejudicar a ingestão de outros.
Dessa forma, o leite só é contra indicado em caso de alergia à proteína do leite de vaca ou intolerância a lactose. Lembrando que alergia é diferente de intolerância. A intolerância a lactose ocorre porque alguns organismos contém baixa lactase, enzima que degrada a lactose, ou não a produz. Mas para isso existem produtos disponíveis no mercado sem a lactose ou que contém a enzima adicionada.
Para as pessoas que por motivos de saúde, como dislipidemia ou doenças coronariana, precisam restringir o consumo de gorduras saturadas da dieta, existe o leite desnatado e semi desnatado, os quais mantém o mesmo teor de cálcio.
Todas estas informações são baseadas em evidências científicas e consenso nos conselhos da área de saúde. Dessa forma, cuidado com achismos e crendices populares, as quais não sabemos em que são baseadas e em que base se sustentam.
O leite não é apenas um fonte de nutriente ele é uma comida, e como toda comida é envolta por cultura, sentimentos e prazer. Tenhamos cuidado com esses modismos alimentares de hoje em dia. Procure sempre um profissional de saúde especialista na área e artigos científicos para sanar suas dúvidas.
Obs: o aleitamento materno deve ser incentivado no mínimo até os dois anos de idade. Esta matéria é sobre a desmistificação da ingestão do leite de vaca para aqueles que já o ingerem.
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