Foi o que me disseram quando entrei pela primeira vez no consultório da obstetra após descobrir que estava grávida do meu segundo filho.
Gostaria de iniciar esclarecendo que esse texto não tem como intenção comparar os tipos de parto. Acredito que independente do parto que você teve, e das razões que te levaram a optar por ele, você é a melhor mãe que o seu bebê poderia ter, e nada, absolutamente nada, te faz superior ou inferior a outra mãe. Fui mãe de cesária e fui mãe de parto normal, sou a mesma, e descobri que posso amar intensamente e igualmente dois seres mutuamente. O tipo de parto não me define como mãe. Contudo, a bandeira que eu quero levantar a partir da leitura desse texto é a que você, somente você, pode decidir o que é melhor para você e para o seu bebê. Você tem direito sobre o seu corpo e nenhum médico pode te induzir a nada.
O meu primeiro parto foi cesária. Motivos? Medo, inexperiência e infelizmente indução médica. Hoje eu olho para trás e vejo como os meus direitos foram violados e como eu não fiz nada para impedir isto. Então, quando me descobri grávida novamente decidi pesquisar melhor sobre como eu gostaria de ter meu bebê e após ler muito decidi pelo parto humanizado. Um dos motivos mais fortes que me levaram a tomar essa decisão foi o pensamento "eu preciso estar bem para a minha mais velha", afinal, quem nunca escutou que no parto normal nasceu é como se nunca estivesse estado grávida? Bom, em termos... Mas não é tópico para esse post.
Decidida sobre qual parto eu gostaria de ter, marquei minha obstetra. Entrando na sala uma das primeiras perguntas foi o porquê da minha primeira filha ter nascido de cesária. Comentei minhas razões, deixando claro que nunca foi por complicações e disse que gostaria muito de tentar um parto normal. Pronto, senta que lá vem sermão... Nunca me senti tão julgada na minha vida. Julgada por estar esperando meu segundo filho tão próximo do primeiro, julgada porquê optei pela cesária sem razão alguma para isto, julgada por todo o discurso de como "selei o meu destino a partir do momento que optei pela cesária" (sim foram essas as palavras) e que se eu tentasse o parto normal eu seria responsável por possíveis complicações, tipo meu útero romper. Como se não bastasse ainda tive que escutar "ela é sempre assim ou são só os hormônios?", pois já não estava mais sorrindo. Minha vontade era de chorar e sair correndo.
Sai de lá mais decidida ainda, dessa vez não iriam decidir por mim. Marquei com outra obstetra, uma muito indicada por realizar partos humanizados. Melhor coisa que eu fiz foi ter entrado naquele consultório. Após contar toda a história, ela simplesmente sorriu, mas não um riso debochado, um riso que acolheu, que acalmou. Ela olhou para mim e simplesmente disse "você é capaz sim de ter um parto normal, isso é papo de médico cesarista, hoje não existe mais esse discurso, a única coisa que não podemos fazer é estimular demais um trabalho de parto, mas se você entrar de forma natural, você é completamente capaz".
E no dia 15 de Janeiro de 2018 o meu Lucas nasceu, de parto normal, 3,7 kg, 51 cm, após 13 horas de trabalho de parto. Na hora dele, no tempo dele, e eu sendo respeitada em todos os minutos e acontecimentos durante o parto. Poderia não ter dado certo, poderia ser que eu fosse parar na mesa de cirurgia novamente, mas mesmo que tivesse sido assim, eu estaria em paz, não pelo tipo de parto, mas sim por ter decidido por mim mesma.
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